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  • Foto do escritorPuri Vivo

Sementes da terra: a criação Divina Dokôra (Deus)

Por Butan Puri - Carmel Farias¹


A criação Divina (D’okora), nos deu as sementes e a sabedoria para usá-las. Em minha família minha avó Belina Lúcia da Silva (Alke Churi Puri), sempre dizia: “as sementes são nosso tesouro, com elas alimentamos nosso corpo e nosso espírito”.

Por influência e conhecimentos passados por ela, as sementes hoje representam a minha sustentabilidade urbana através dos artesanatos que produzo. Mas também uma grande preocupação. Não encontramos mais com tanta facilidade a diversidade de outrora, pois as áreas verdes urbanas estão desaparecendo e com elas as sementes.

Em 2010, idealizei um projeto o qual coordeno até hoje chamado sementes da terra com a responsabilidade de reflorestar nossas nativas e algumas sementes utilizadas pelo nosso Povo Puri. Neste projeto temos colaboradores voluntários indígenas e não-indígenas que ajudam a multiplicar mudas e a replantá-las em áreas urbanas degradadas e fazemos também doações para áreas particulares. Ajudando a manter um pouco o equilíbrio do ecossistema também trocamos as sementes, nos tornamos guardiões das mesmas e assim vamos mantendo a tradição.

Ainda sob a influência e conhecimento ancestral desenvolvi alguns colares, enfeites e brinquedos. São eles: colar de sementes de macaco para limpeza e força; Sementes de lágrimas de nossa senhora para proteção e pureza; sementes olho de boi para afastar energias negativas; sementes de Aguaí para o equilíbrio do corpo e da mente; sementes de pau ferro para dar força e resistência aos guerreiros; cabaças ou porongo, fruto utilizado para fazer maraca, bonecos, utensílios e reservatório de água, palha de maki (milho ), para fazer petek’as e amuleto para ajudar nos males da garganta.

Nossas sementes têm força e poder, o uso delas sempre esteve ligado as nossas crenças e fé, e porque não dizer: também a nossa forma de nos sentirmos mais bonitos.


¹Sou Carmel Farias Puri - nome de mata Butan Puri (mel), arte-educadora, artesã e agricultora urbana, nascida em Bom Jesus de Itabapuana, vivo hoje num bairro do subúrbio do Rio de Janeiro e crio galinhas.

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