O POVO PURY
Nós, o povo Pury, somos originários da região sudeste do Brasil, em áreas de seus quatro estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.
Segundo o mapa etno-histórico Nimuendajú¹, a extensão do território original ocupava áreas entre o Vale do Paraíba, a bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul e seus afluentes, bem como parte da bacia hidrográfica do Rio Doce, o que incluía seu alto curso e a região do Rio Manhuaçu. Pertencemos ao tronco linguístico Macro-Jê² constituído por doze famílias linguísticas (ramos): Jê, Kamakã, Maxakalí, Krenák, Puri, Karirí, Yatê, Karajá, Ofayé, Boróro, Guató e Rikbáktsa. A família Pury é composta por três línguas: Pury, Koropó e Coroado.
No século XVIII fomos estimados em mais de 5.000³ pessoas e, apesar de invisibilizados pelo Estado brasileiro e por seu órgão indigenista do início da República, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), no último censo⁴ do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, foram registrados 675 puris. Sendo 335 autodeclarados em Minas Gerais, 169 no Rio de Janeiro, 113 no Espírito Santo e 24 em São Paulo.
As violentas políticas de aldeamento, catequização, escravização e etnocídio institucionalizado colaboraram para que fôssemos considerados extintos desde o século XIX⁵. Por meio do caminho deixado pela nossa ancestralidade, atualmente nosso povo se encontra em processo de retomada da comunidade, da língua, da cultura e do território.
PURY THAMATHIH!
PURY VIVO!
¹ NIMUENDAJÚ, C. Mapa étno-histórico de Curt Nimuendajú. Brasília, DF, Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
² SILVA MARTINS. A. M. et al.. O Tronco Macro-Jê: Hipóteses e Contribuições de Aryon Dall’igna Rodrigues. Fragmentum, n. 46, p. 101-135. Jul./Dez: Brasil, 2015.
³ FREIRE, José Ribamar Bessa; MALHEIROS, Márcia Fernanda. Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro, EDUERJ: Rio de Janeiro, 2010.
⁴ IBGE. Instituto Brasileiro Geografia de Estatísticas, Censo Demográfico p. 334. Rio de Janeiro, v.33, n.2, p.327-347, maio/ago. Rio de Janeiro, 2016.
⁵ OLVEIRA, Enio Sebastião Cardoso de. Paradigma da Extinção: Desaparecimento dos Índios Puris em Campo Alegre no Sul do Vale do Paraíba. Anais do XV Encontro Regional de história da ANPUH. 2012.