Era impossível conhecer o Bruno e não notar sua presença, não ser marcada pelas suas posições, ele sempre se interessou pelas culturas dos povos originários, de modo geral, investigava as culturas do Peru, dos Incas.
Historiador formado pela UERJ, mas antes de tudo Puri, o amor e respeito que ele sentia pelo povo está presente nas minhas memórias e nas memórias de outros parentes; e hoje está latente no plano ancestral. Sei que ele vai levar nossos mais novos pelos melhores caminhos. Meu contato maior com o Bruno quando estava começando o movimento de reunir Puri na Aldeia Marak’ana, ele me apresentou as pessoas que estavam se reunindo, ele me convidou a participar de um grupo na internet, e disse, então, que havia mais gente Puri. Eu fiquei muito feliz, muito interessada. Nós nos conhecíamos há muito tempo, e mantínhamos alguma proximidade por conta desse interesse comum em saber do nosso povo. Foi ele quem me inseriu nessa movimentação, ao me apresentar às pessoas. Antes eu só tinha contato com outros parentes por intermédio dos grupos de internet, foi só mais tarde que passei a participar dos encontros e a conhecer os outros Puri pessoalmente.
Neste momento nós não éramos um casal, mas tudo que ele pesquisava e descobria enviava para mim, ele sempre foi muito envolvido com a cultura indígena, adorava pesquisar sobre os parentes andinos. Sempre muito combativo, incendiava minha rebelde interior, eu trabalhava de domingo a domingo, e eu sentia que ele despertava uma guerreira interior... ele me contava essas coisas, lembro de uma vez que estava tendo manifestações pelo Maracanã e Cinelândia, e ele estava lá! Eu queria muito também estar então; ele me contava como os manifestantes eram reprimidos com bala de borracha... Bruno sempre foi muito participante... ele me provocava para ir, para estar lá. Naquele momento, das manifestações, eu estava em um relacionamento em que a pessoa não tinha os mesmos ideias. Depois que me separei, nosso contato acabou evoluindo para um relacionamento, foi aí que me foi possível estar com nosso povo na luta.
Ele era um apaixonado, lutava até o fim pelo que acreditava. A história dele sempre foi muito combativa, as pessoas que o conheceram na UERJ sabem até hoje o quanto ele militou; e também na questão indígena.
Porém o que para mim tem um valor simbólico e afetivo - e que Bruno faz parte - é a Manilha, a terra que deixou. Eu, e tenho certeza de que Bruno também, gostaríamos que tivessem encontros aqui. Mas para mim, o maior bem que ele me deixou foi nosso filho Ingir, que tem esse nome por causa de um guerreiro do nosso Povo. Sei que Kuaorum está olhando pela nossa família e pelo povo, e está guerreando pela gente do lado dos nossos ancestrais.
¹ Bruno Pedreira, Kuaorum Puri era Historiador formado na UERJ, ativista dos movimentos Reexistencia Puri na Aldeia Maracanã e Movimento de Ressurgência Puri.
² Vanessa Puri é artesã e mãe de Ingir. Mulher Puri.
UM DOS POUCOS QUE NUNCA TIVE UM ARRANCA RABO KKKK GOSTAVA DEMAIS DESTE CARA RACHAVA DE RIR DE MIM QUANDO FICAVA NERVOSO.