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ÍNDIO NÃO, PURÍ!

  • Foto do escritor: Puri Vivo
    Puri Vivo
  • 27 de ago. de 2022
  • 2 min de leitura

de Gabriel Duarte


Quero registara que esta poesia que escrevi, que intitulei como " Índio não, Purí! " nasceu a partir da vivência e experiências que tive na 13° Troca de Saberes – UFV (2022) e como inspiração. O texto surgiu assim, naturalmente.

A parente Zélia Purí, em que acredito ter sido a inspiração principal e especial no fazer poético enquanto eu editava e " re-memorava " as fotos das vivências da troca. Por isso escolhi uma foto dela em atividade nessa Troca de Saberes para honrar e homenagear sua energia, carinho, carisma, acolhimento, sinceridade, sua arte indígena poética e musical e muito mais que não cabe aqui em palavras, assim dando origem, desse modo, no meu fazer poético de criação do texto.

Além disso, e não menos importante, incluo como inspiração todos os parentes Purí e participantes das trocas, a sabedoria compartilhada e partilhada, o ambiente, os pássaros, o vento gelado, as comidas, as músicas, a grama, os bambus.

Enfim, tudo aquilo que nos faz sentir, apreciar, contemplar, reflexionar, agradecer e nos faz sentirmos vivos e pertencentes a essa terra que é a nossa terra indígena. Ténu-arrí!


Somos a grama, a raiz que conecta os corpos

O vento, a maritaca que canta alto

O tempo, a energia que estremece as nuvens

Você ri

Mas não sou índio, não vim da ÍNDIA

Somos Purí

Somos a semente, a árvore, mpô (árvore)

Oxalá, axé Purí-negô

Somos caboco

A terra, o bambu tecido que resiste

a noite, o morcego

Somos Purí, índio não

O olhar pesado

De um passado que vem repensado

Ressurgir com urgência

Somos o necessário

Somos a koára, o abrigo no mato (Koára - abrigo provisório Purí)

a luta contra o descaso!

Os verdes, os marrons, os pardos?

Somos a paleta inteira

Eu tava na mata, vem e desmata

Não nos encaixe, não há caixa que caiba

Não nos rebaixe, não adianta.

não há altura que nos mata

Somos os céus, o voo dos pássaros

Somos os ventos, que conduzem para a mata

Somos urubus, valoramos o que vocês rejeitam

Somos a pedra no seu caminho

Nenhuma bota nos para

Temos a força que precisam

somos a taquara, envergo mais não quebro

Seremos a cobra, shahmûm samman (cobra)

que derrubarão sua selva de concreto



 
 
 

4 comentarios


Anderson Couto
Anderson Couto
29 ago 2022

Lindo! Me emocionei com os versos! Muito obrigado, irmão! Me vieram lembranças da minha querida avó, que por acaso também se chamava Zélia (Vó Leléia, como a chamávamos carinhosamente). Mulher forte e sábia e que guardava dentro de sí toda a nobreza dos nossos ancestrais.

Quanto à Zélia Puri, tive o prazer de conhecê-la, e ganhar um livro seu, há uns três anos, aqui em Volta Redonda. Me reconectou com a nossa ancestralidade. Por isso serei eternamente grato!

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Gabriel Puri
Gabriel Puri
30 ago 2022
Contestando a

Que feliz Anderson! Gá katú. Adorei seu relato. Eu quem agradeço por ouvir seu relato e poder contribuir de alguma forma com sua rememoração da avó. Realmente, Zélia Puri nos transforma, né? Grande guerreira Puri !

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Olivia Batista
Olivia Batista
27 ago 2022

Metlon! Que força!

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Gabriel Puri
Gabriel Puri
30 ago 2022
Contestando a

Rrô! Metlon Puri!

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