Como sabido, as terras tradicionais do Povo Puri abrangiam parte dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, no entanto, devido às inumeráveis violências sofridas por nossos ancestrais, notadamente a desterritorialização e o apagamento histórico, esse território foi sendo usurpado, ao mesmo tempo em que se construía a falsa narrativa de extinção.
Contradizendo essa narrativa, temos resistido ao longo dos séculos, lutando para manter viva a cultura ancestral. E, apesar de não possuirmos um território reconhecido como tal nos termos estipulados pela legislação atual, existem na atualidade comunidades em áreas rurais de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Em Minas Gerais contamos com três comunidades, uma escola, reconhecimento oficial a níveis municipal e estadual, e duas associações nos municípios de Araponga (Associação de Agricultores Familiares de Araponga) e Barbacena (Associação de Remanescentes de Índios Puri de Padre Brito).
A Associação de Agricultores Familiares de Araponga teve início na década de 1980, e foi responsável pelo assentamento de mais de 200 famílias em pequenas propriedades rurais, através do que chamam Conquista de Terra em Conjunto: a estratégia consiste na geração de um fundo coletivo para compra de terra a partir de um pequeno grupo de famílias, que uma vez assentadas e minimamente estabilizadas economicamente, reúnem fundos para nova aquisição de terras, destinadas a novas famílias, que aderem ao grupo e ao compromisso de colaborar na aquisição de mais terra para assentar mais famílias. Mediante essa estratégia, as famílias permanecem naquela região, que é ocupação tradicional Puri, através da prática da coletividade na adesão de suas terras. Entre os compromissos listados aos membros em relação à organização está a prática da cultura Puri.
Essa associação também foi responsável pela criação da EFA Puris (Escola Família Agrícola Puris), uma instituição de Ensino Médio Técnico, onde conhecimentos indígenas no trato com a terra e o meio-ambiente dialogam com técnicas modernas de agroecologia e manejo sustentável dos recursos naturais.
Também em Araponga, foi criado o CEPEC - Centro de Estudos e Promoção Cultural, cujo trabalho desenvolvido se destina ao registro e valorização da cultura tradicional da região da Serra do Brigadeiro – antes, Serra dos Arrepiados, o que inclui aspectos da cultura Puri preservados entre a população local – como a tradição ancestral Puri de banhar as crianças pequenas em sangue de tatu como forma de assegurar-lhes a saúde. Na região de Araponga também busca-se manter viva a tradição da Dança dos Caboclos, tradição essa guardada por Jurandir e Karaí-Mirin (Antônio Carlos), que receberam de seus pais a missão de dar continuidade a esta prática ancestral.
Em Barbacena, a comunidade Puri de Padre Brito é reconhecida pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Barbacena – COMPHA como Patrimônio cultural imaterial. Além do reconhecimento a nível municipal, a prefeitura inseriu ao seu calendário oficial o Festival da Cultura Indígena. O Festival anual promove a História e Cultura do povo Puri e está em sua 3º edição. A comunidade fundou em 2016 a Associação de Remanescentes de Índios Puri de Padre Brito. Apesar do reconhecimento oficial, a Associação luta pela garantia de direitos básicos, como educação, saúde e terra para a realização de cultivo de alimentos e ervas medicinais – o uso da medicina tradicional constitui aspecto da tradição mais destacadamente preservado nessa comunidade Puri, sendo conhecedores de tratamentos para além dos conhecidos na cultura popular geral.
Em Aimorés, a partir do ano de 2018 um núcleo de cerca de 60 pessoas, reunidas em torno de sua Matriarca, Jandira Rosa da Silva Puri, cria, em 05 de janeiro de 2019, a sua Associação.
No Rio de Janeiro, no município de São Fidélis, também território originário Puri, também em processo de organização se encontra em processo de organização uma pequena aldeia Puri (Uchô), sob a liderança de Opetahra (Solange Reis), e de Karaí Mirim.
Através desses espaços, temos reivindicado nossa resistência em ações que se refletem na busca pela autonomia, e que são perpassados por conceitos de ecologia, e uso sustentável do solo, conceitos esses hoje celebrados como novos, mas que nada mais são do que memória e tradição milenar indígena.
Sou do Casimiro de Abreu/RJ, minha Bisa avó morreu no inicio do ano ela viveu seus incriveis 105 anos de forma comprovada, ela era Puri tbm nos insinou tudo sobre a terra e nossas tradição assim como viver em armonia com a mãe terra estou em busca dos meus irmões de sangue espero em breve ir até são fidelis conhecer-los .
parabens Raial bom artigo aripa Puky ho@!
Parabéns pela matéria!
Estou buscando resgatar as histórias de minha família.
Sou da região do Vale do Paraíba em São Paulo, não existem Puris nessa região?