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Ser Puri / Pury Rrône

Atualizado: 21 de mar.

                                                           Olivia Batista – Mopúia Karúá Purí

                                                                                        

Quando fui para o conservatório, aos quase 45, encontrei um professor que me viu como muito rústica para o Canto Lírico. Não havia o Canto Coral que eu ansiava e que havia sido interrompido no ginásio pela Lei 5692/71 e eu não conseguia aprender ler uma Partitura Musical. Ainda assim participei da última audição, segui meu rumo, me conformei e até agradeci a esse professor por essa definição.


Aos 47 fui aceita no grupo teatral CENARTE e aos 50 surgiu em mim a palhaça Maria Zoronga que conseguiu responder às minhas muitas perturbações recorrentes.


Quando a apresentei ao meu primo, um estudioso do Clown, ele reafirmou o quanto eu era grotesca e que Zoronga não era uma personagem e sim uma expressão do meu próprio eu interior.


Daí surgiu essa Poesia recentemente transcrita para o Puri que completou em mim todo esse processo de busca pela minha identidade e a qual denominei. Com ela eu pude entender que a rebeldia, a rusticidade, a simplicidade, os questionamentos e as atitudes não eram simplesmente loucuras da minha cabeça.

 

Ser Purí /Pury Rrône

Sou pedra bruta / Gá rrône ukruá

Fincada no chão / Andó rriône utxé

Suja de barro / Arpóe unhum edjé

Molhada de chuva / Aróma nhamâkú

Gosto de fruta no pé / Tamatíe morké ambó

Trepada na árvore / Bokuaéme

Cheiro de mato / Ómle un tistxóre

Pé descalço / Txaperê atxé

Caminho de terra / Tsinô utxô

Lua e sol / Petára, Opei

O olho cintila / Â mirô merimaté

O sorriso revela / Ã lipône koiuaé

O que a alma pensa / Tutáki nakotxoté

Vem do coração / Tokéra mouné



Ténu-arrí! Gratidão aos mestres Néri Contin, Fábio Sena, Klaas Kleber e Felismar Manoel

Primavera/23

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