Por Puíkamê Pury
Ouvir o grande teólogo Leonardo Boff em uma palestra que abordou o tema Sustentabilidade para um novo mundo, proferida no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro em 27 de junho de 2024, trouxe importantes reflexões a serem feitas diante da crise humanitária e ecológica em que vivemos.
Para iniciar esse texto vale ressaltar que existe um documento, concebido por muitas pessoas de referência no mundo, inclusive com a participação do próprio Leonardo Boff, chamado Carta da Terra. Esse documento foi assumido pela ONU em 2013 como norteador do pensamento sobre sustentabilidade, porém as grandes corporações e as potências mundiais, mesmo reconhecendo a legitimidade das questões abordadas por esse documento, ignoram-no nas suas práticas econômicas e políticas.
O mundo hoje vive situações muito perigosas que podem acabar com a vida no planeta, tais como, a eminência de uma guerra nuclear, uma ameaça real pois as potências, EUA e Rússia, têm arsenal suficiente para eliminar toda a vida terrestre. A sobrecarga imposta à terra pela extração até a exaustão de suas reservas naturais, pelo manejo desrespeitoso dos rios e florestas, que vem produzindo catástrofes naturais cada vez mais severas. Estima-se que a temperatura média na terra chegará até o final dessa década em 38º celsus.
O sistema capitalista que não consegue ser freado, gera demandas de consumo sempre crescentes, causando de um lado concentração de renda, de outro esgotamento das reservas naturais e produção de lixo em escala alarmante. Lembrando ainda a contaminação desses resíduos aos oceanos, ao solo, às fontes de água necessárias ao consumo humano e animal.
Existem nove itens que tornam possível a vida na terra, como solo, água, clima, camada de ozônio, sol. Desses nove itens, sete estão em degeneração pela ação humana.
Apesar da situação alarmante em que vivemos, a maioria da população do planeta é negacionista ou não se importa com a falta de futuro que deixamos às novas gerações.
A grande imprensa não fala sobre o caos planetário porque isso vai contra o sistema de acumulação de capital e de poder, com o qual tais meios de comunicação estão comprometidos. Divulgam porque a situação é muito evidente, mas não com a veemência necessária, temendo grandes abalos ao sistema capitalista.
A elite e seus aparelhos ideológicos não querem mudar, pois mudar vai tirá-los da condição de privilégio em que vivem.
Devemos às religiões monoteístas a visão na qual o mundo deve ser desfrutado pelos homens. Com essa visão todos os bens do planeta são entendidos como recursos a serem explorados. As pessoas, especialmente do mundo ocidental, não se sentem parte da natureza, essa consciência deformada é a raiz de toda essa problemática.
O nosso ser mais profundo é constituído de sentimento e não de razão. Vivemos um mundo que nem ao menos resguarda essa dimensão humana. Estamos cansados de bens materiais, de acúmulo de coisas. Precisamos nos fixar nos valores espirituais.
Diante das questões apresentadas concluímos com as perguntas: Onde vamos nos inspirar para fazermos mudanças tão necessárias? O que levará a sociedade a um novo modelo, sustentável e justo, para adiarmos o fim do mundo?
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