“Em mais de 500 anos milhares de histórias foram apagadas, ou quase apagadas. Não perdemos só a terra, mas parte da língua, da cultura, do sagrado. O retorno é lento, porém necessário!” Começo esse texto com essa frase que escrevi para o GEIPÒ em 2019, que é o Grupo de Estudos Indígenas e Povos Originários da Universidade Federal de Viçosa. Em 500 anos de invasão, muito se perdeu e muitos de nós perdemos, a miscigenação forçada fez com que o que tínhamos de mais precioso fosse apagado, a nossa identidade.
Não é fácil o processo de ressurgir e de se autodeclarar, mesmo recente, vem ocorrendo de forma gradual e com diversos esforços. A juventude hoje servida da inovação trazida pela internet, se concentra em pesquisas de grupos que os ajuda a se encontrar e a novamente pertencer a um povo, voltar ao seu lugar de direito e de recuperar a força de suas raízes. O primeiro passo para pertencer é se auto declarar, se reconhecer como sujeito descendente originário e que tem força para se encontrar em meio ao seu povo. É desafiador, em tempos de atropelos e dúvidas cerceados pela nebulosidade política do país, ser indígena lhe dá a garantia de alguns direitos, porém a necessidade de lutar todos os dias pela manutenção dos mesmos.
Nós, sujeitos pertencentes ao tronco originário, às raízes da herança de pindorama aos poucos estamos retornando, retomando o que é nosso por direito, tentaram de todas as formas nos enterrar, mas esqueceram que éramos sementes, frutos dessa terra. A construção e a reconstrução do nosso meio virão através das nossas mãos, dos nossos esforços e da persistência em querer aprender e a levar o ecoar de nossas vozes cada vez mais longe, não é só o desejo de se reconhecer, mas o chamado de ressurgir e se reencontrar em meio a sua origem. Não precisamos temer, somos muitos e juntos nos tornamos mais fortes! Métl’on Puky!!! Força Puri!!!
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