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Identidades apagadas, preconceitos vivos!

Kemiumô Txaé Purí

A etnogênese é a realidade de vários povos indígenas, no entanto é um processo pouco compreendido por boa parte das pessoas, com vários povos recebendo sempre as mesmas perguntas a respeito da sua identidade.

Uma parte considerável deste problema vem da demanda colonial de desocupar territórios, logo a presença indígena era um problema, afinal como ocupar uma terra que todo mundo sabe quem são os donos? Com isso, tudo virou pretexto para que as identidades indígenas fossem negadas.

A conversão ao catolicismo, o uso de roupas europeias, o uso do português, foram algumas práticas incentivadas ou impostas que mais tarde foram usadas como características que deslegitimassem as identidades dos povos indígenas, essa estratégia colonial perdura até os dias de hoje! Expressões como “índio de celular”, “índio é do mato”, dentre outras com essa conotação são muito comuns, com algumas sendo repetidas até por povos aldeados.

É importante que a sociedade em geral entenda que a entrada de hábitos culturais não-indígenas entre os povos indígenas nunca foi uma escolha, foram hábitos impostos de forma violenta ou como uma necessidade imposta pelo contexto que as comunidades indígenas estão inseridas.

Boa parte dos povos, que tiveram contato com os colonizadores nos primeiros séculos da invasão, vivem hoje em áreas rurais, onde tiram seu sustento da agricultura e criação de animais ou em comunidades nas periferias das cidades, onde trabalham nas mais diversas profissões.

Se engana quem pensa que essas comunidades, que tem suas identidades indígenas apagadas, são vistas como parte da “normalidade”. É comum diversos relatos de comunidades, onde antigamente era relatada a massiva presença indígena serem vistas hoje como lugares de pessoas “bobas, atrasadas, violentas” dentre outros adjetivos depreciativos. Quem aponta essas características para essas comunidades, quase sempre não faz ideia das origens indígenas destas pessoas, mas aprendeu um preconceito, que caminha ao longo de gerações, de que as pessoas destas comunidades não são iguais a si.

Coisas parecidas ocorrem nas periferias de algumas cidades com alguns bairros sendo taxados como “dos índios” de forma pejorativa. Com o mesmo raciocínio benzedeiras, raizeiras (os) e parteiras que adquiriram essas vocações a partir de suas ancestralidades indígenas, eram e são taxadas de feiticeiras (os) e vistas como uma ameaça.

É importante também que os povos aldeados entendam que não há nada que pessoas que mantenham o mínimo nuance de suas culturas não brancas façam será suficiente para que sejam totalmente aceitas. Além disso, há o risco de propagar a ideia de que é possível deixar de ser indígena, pois esta sempre foi uma ferramenta ideológica para destruir culturas.


Foto: Clementino Purí de Mutum. Retirada do livro: Memorias Chorographicas (Fotos de puris) de Álvaro A. da Silveira

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