Os espaços museais têm cada vez mais se tornado locais privilegiados de valorização das culturas indígenas, em especial no caso das experiências de curadoria compartilhada, com a participação e protagonismo de representantes dos povos originários no ato de pensar o conteúdo expositivo.
Nós, os Puri, povo que durante muitos anos lutou pelo reconhecimento de sua existência, também conquistamos os espaços museológicos, onde pudemos mostrar nossa cultura que existe e resiste, se reinventa e permanece - como qualquer cultura viva que se preze, diga-se de passagem! Este texto irá destacar três momentos, ou três exposições, nas quais os Puri se fizeram presentes de forma ativa, participando de eventos, mostras e até mesmo da curadoria de exposições que contribuíram grandemente para a divulgação da Cultura de nosso povo, assim como também para quebrar com estereótipos e demais concepções equivocadas a respeito de nossa identidade.
Museu Ginásio São José – Ubá, Minas Gerais.
O Museu Ginásio São José localiza-se na cidade de Ubá, Zona da Mata Mineira, portanto, território originário Puri. Desde que foi restaurado em 1999, o Ginásio transformou-se em ponto turístico e Centro Cultural da região, funcionando como Ponto de Cultura e espaço da Memória.
No ano de 2015, em que se deu a inauguração do espaço como Museu, os Puri se fizeram presentes através de nossos parentes Puri, assim como também através do pesquisador Marcelo Sant’Anna Lemos, em uma palestra especial que teve como temática, justamente, ‘A presença indígena em Ubá’. Desde então, tem sido frequente os convites à participação Puri em eventos, tais como a Semana de Museus, que ocorre anualmente no mês de maio e a Primavera dos Museus, todo mês de setembro.
Moema Puri (diretora do Museu) e equipe
Confira alguns registros da exposição no acervo do CMPP:
Conheça mais sobre o Museu Ginásio São José:
Casa Léa Pentagna – Valença, RJ
A Fundação Filantrópica e Cultural Léa Pentagna, localizada em Valença – RJ, foi criada a partir do último desejo de Léa Josephina Pentagna, que em testamento determinou que a sua propriedade fosse transformada em um espaço para "propagar, estimular e proteger o gosto pelo estudo das ciências, artes e letras". A casa se abre para palestras, cursos, exposições, vídeos, apresentação de música erudita e popular e atende às Escolas durante a semana com hora marcada e, também, aos turistas em visitas orientadas, aos sábados, domingos de 9h30min às 12h30 min e de 14h às 17h.
Em setembro de 2015, a Casa Léa abrigou a exposição especial “Retirando os Índios do pó de Café”, que contou com oficinas de arte e artenato, e contação de histórias apresentadas por integrantes do Movimento Ressurgência Puri, contando ainda com a presença de Niara do Sol, da etnia Funil-ô/Kariri-Xokó.
Confira alguns registros da exposição no acervo do CMPP:
Conheça mais sobre a Casa Léa Pentagna: http://www.casaleapentagna.org.br/
Museu de Arte do Rio de Janeiro.
Talvez o mais marcante desses espaços conquistados seja a exposição Dja guata porã – O Rio de Janeiro Indígena, inaugurada em maio de 2017 no Museu de Arte do Rio de Janeiro. O fato de ser a primeira exposição realizada em uma capital, e também pela preocupação dos idealizadores de realizar efetivamente uma curadoria compartilhada com representantes dos povos indígenas representados. Aliás, a noção de curadoria compartilhada já se fazia presente no título da exposição, que em guarani quer dizer: ‘caminhar bem e caminhar junto’.
A importância que legamos a esta exposição se relaciona com o fato de seu lugar, tempo de duração e do grande trabalho coletivo que ela representou para o Povo Puri, já que para sua preparação foram gastos vários meses de diálogo, pesquisa e elaboração, na qual inúmeras pessoas estiveram envolvidas na criação de um conteúdo expositivo que foi capaz de falar de nós – por nós mesmos – sobre nossa identidade, vida e resistência.
Confira alguns registros da exposição no acervo do CMPP:
Conheça mais sobre o MAR: http://museudeartedorio.org.br/
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