Por Leticia da Paz Maia Puri¹ e Thalyta de Sousa Angelici Puri²
O Centro de Memória do Povo Puri surgiu como um espaço de memória viva em movimento, que chega e conversa. Criar seu espaço de existência, ainda que virtual, foi e é tecer as histórias, tradições, registros, pesquisas, artesanatos, imagens e vozes de um povo que caminha nos passos ancestrais para construir seu próprio futuro. O funcionamento do nosso site foi pensado para ser o mais acessível e intuitivo possível com sua identidade visual referenciada na cultura Puri, prezando pelos elementos e temas que, para nós, são sagrados.
Nessa intenção, a plataforma virtual do CMPP abriga:
● Início: Nossas boas vindas e desejo de acolhimento a todas e todos que nos visitam. Há, ainda, uma mini galeria de imagens de indígenas Puri ao longo do tempo.
● O povo Puri: Um breve panoramara histórico do Povo Puri.
● Centro de Memória do Povo Puri: Abrigo das sementes sagradas da Lonke (Sapucaia) que contém nossas memórias de Cultura e Tradição, Língua Puri, Medicina e Cultura Alimentar, Território, Tecendo Histórias e Exposições.
● Política de Aquisição e Descarte: São nossos critérios de entrada de novos objetos no CMPP.
● Artesanato Puri Contemporâneo: Galeria de exposição de trabalhos artesanais e artísticos de indígenas Puri na contemporaneidade. Permanentemente aberto para recebimento de trabalhos dos parentes Puri.
● Blog: Espaço de vozes, pensamentos e movimentos sobre o povo Puri. Permanentemente aberto às contribuições de parentes Puri e de amigos do povo.
● Contato: Relação do Coletivo Curador e espaço para escrever para nós.
O entrelaçamento entre esses eixos se dá por elementos visuais que dialogam, assim como nós, entre o passado e o presente; entre a ancestralidade e o por vir.
Nosso símbolo, e logotipo, é um grafismo contemporâneo dos Puri nas cores azul-jenipapo e vermelho-urucum. As imagens abre-caminhos de cada aba do site são colagens de ilustrações do nosso povo, plantas e cores que rementem a nossa história e nossa espiritualidade. Além do protagonismo da semente e do fruto da Lonke (Arvore) sagrada - marcas da tessitura viva de nossa história e memória.
Ao abordarmos esse tema, não poderíamos desvinculá-lo das exposições sejam elas passadas ou futuras, sejam de forma física ou virtual, que estão de alguma maneira ligadas ao CMPP. Estas são ferramentas de grande importância para comunicar nossa ancestralidade e tudo a que ela está atrelada, assim como a nossa memória e existência enquanto Povo por meio de acervos arquivísticos, bibliográficos e museológicos presentes na coleção do Centro de Memória do Povo Puri.
Essa experimentação tem por objetivo proporcionar sensibilidade, descobertas e pesquisas – além de ser um espaço que foi pensado para dar suporte e gerar conexões dos membros do nosso povo com o nosso espaço – buscamos também, por meio dessas exposições, demonstrar que as memórias não tem um viés único e nem são estáticas. Por sermos um povo vivo e que trabalha com a oralidade dos mais velhos, também tendo em mente que as instituições de memória ‘oficiais’ nos tratam como se não existíssemos mais, queremos, desta forma, criar uma memória contra-hegemônica.
A nossa primeira exposição se chama ‘Os Puri em imagem’, nela estão gravuras criadas, em sua maioria, no século XIX. Ao apresentá-las pretendemos que nosso povo busque semelhanças e referências para a retomada da nossa cultura e território. Mas, ao longo dos meses, esperamos que os rostos de Puris contemporâneos apareçam, uma vez que buscamos que nossas exposições e a plataforma como um todo sejam vivas e não se submetam aos moldes das instituições convencionais e/ou coloniais.
¹Graduanda em História pelo Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Pesquisa História Indígena; Etnogênese; História do Povo Puri. Professora, extensionista e membro-fundadora do pré-vestibular favelado e projeto de extensão da UFRJ "UniFavela - Semeando Ensino Popular" e integrante do Coletivo Curador do Centro de Memória do Povo Puri. ²Graduanda em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro- UNIRIO, bolsista de iniciação científica no projeto Museologia do indizível, colaboradora no Grupo Arco-íris de cidadania LGBTI+ e integrante do Coletivo Curador do Centro de Memória do Povo Puri.
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