SER PURI
Tuschahi Puri¹
Ser Puri
É mais ou menos isso...
Verde que busque
O daquela pitaia
Adaptada, e
Feliz em ser
Ou quase ser...
E quando penso em ser Puri...
Quando estou entre os outros de mim...
Sinto pulsar nossa valentia.
Penso em meu pai...
Em sua história
De sobrinho do alfaiate
E sobrinho daquela Ãndia...
Minha avó.
Eu mesma!
Nos perdemos de nós.
E aà está nossa covardia.
Em nos deixar perder.
Essa coragem que
Tudo o que se sabe folha tem.
A mim não ofende
Ser chamado covarde!
Porque não me ofende ser.
Quem sabe de sua coragem
Sabe dos seus limites.
Que possamos estar juntos,
Para nos saber melhor
E mais fortes do que pensávamos.
Somos!
CANTO PURI
Jerry Puri²
Sou brasileiro nato,
Não sou branco, nem mulato,
Pois sou filho de Puri.
Era uma tribo pequena
De gente de cor morena
Que feliz vivia aqui.
Em paz e com harmonia
Assim meu povo vivia
Com justiça e muito amor.
Tomando conta da selva
Das cascatas e da relva...
A mando do Criador.
Na fartura e sem vaidade,
Não conhecia maldade
Até que o branco chegou.
Com progresso,
A cruz e a espada,
Minha gente escravizada
De repente se tornou.
Pergunto onde estão agora
Os que escaparam outrora
Da fúria deste progresso.
Me respondem:
Devem estar
Lá na ArcelorMittal...
Na Petrobrás ou na Esso.
Para acessar outros poemas, veja os livros da coleção Semear como o disponÃvel nesse link.
¹Filha do Sr. Jerry, atualmente dedica-se a atividades polÃticas.
²Originário de Itabeirinha de Mantena (MG), residindo atualmente em Linhares (ES), Sr. Jerry Merces pensava o último Puri do Mundo, ainda que guardasse na memória as festividades e trechos musicais puri que sua comunidade original cantava. Por questões circunstanciais, fora criado longe desse núcleo Puri o que lhe fez ter medida afetiva “do quanto que perdeu". A seu modo, o poema testemunha essa retomada de raÃzes, não mais de alguém que fosse o derradeiro, mas o canto dessa geração, ponto de ligação entre os Puri de modo tradicional e as gerações mais recentes.